Leandro Leite Leocádio
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Leandro Leite Leocádio
Leandro Leite Leocadio. Poeta, contista, ilustrador e cartunista. Teve uma infãncia multirregional, tendo vivido no Rio de Janeiro, em São Paulo e Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Nunca freqüentou qualquer escola de arte, tendo começado a desenhar e escrever por iniciativa própria desde tenra idade. Em 1993, no Centro Cultural São Paulo, realizou sua primeira exposição de cartuns a nanquim, aquarela e guache na H.Q. Brasil da ABRA, Academia Brasileira de Artes, tendo exposto, também, em 1995, na II H.Q. Brasil, promovida pela mesma instituição.
Formado em direito, foi colaborador de O Pasquim 21 – jornal dirigido por Ziraldo –, vindo a escrever para diversos sites, jornais e revistas.
Nunca freqüentou qualquer escola de arte, tendo começado a desenhar e escrever por iniciativa própria desde tenra idade. Em 1993, no Centro Cultural São Paulo, realizou sua primeira exposição de cartuns a nanquim, aquarela e guache na H.Q. Brasil da ABRA, Academia Brasileira de Artes, tendo exposto, também, em 1995, na II H.Q. Brasil, promovida pela mesma instituição.
Formado em direito, foi colaborador de O Pasquim 21 – jornal dirigido por Ziraldo –, vindo a escrever para diversos sites, jornais e revistas.
SEM PALAVRAS
Que ninguém seja contra
A que vou dizer,
Mesmo eu sendo um cabeça-de-bagre.
Que ninguém seja contra
A que vou falar,
Mas santo de casa não faz milagre.
O robusto marido esportista,
Triatleta e fisiculturista,
Campeão de judô e maratona,
A esposa decepciona
Quando tenta e não consegue
Abrir um vidro de azeitona.
A irmã do dentista é banguela,
O filho do churrasqueiro nunca comeu vitela.
Aquela "top model" famosa
Sempre tem dor de cabeça
Quando o marido a procura.
O exército brasileiro,
No lugar de defender,
Instaurou no país
A tão dita ditadura.
A luz do quarto do eletricista não acende,
A respeitada psicóloga tem um filho que é demente.
Eu mesmo, escritor
Que sou, ou que tento ser,
Nno consigo escrever
Nem, ao menos, tão somente,
Uma frase pra você.
A que vou dizer,
Mesmo eu sendo um cabeça-de-bagre.
Que ninguém seja contra
A que vou falar,
Mas santo de casa não faz milagre.
O robusto marido esportista,
Triatleta e fisiculturista,
Campeão de judô e maratona,
A esposa decepciona
Quando tenta e não consegue
Abrir um vidro de azeitona.
A irmã do dentista é banguela,
O filho do churrasqueiro nunca comeu vitela.
Aquela "top model" famosa
Sempre tem dor de cabeça
Quando o marido a procura.
O exército brasileiro,
No lugar de defender,
Instaurou no país
A tão dita ditadura.
A luz do quarto do eletricista não acende,
A respeitada psicóloga tem um filho que é demente.
Eu mesmo, escritor
Que sou, ou que tento ser,
Nno consigo escrever
Nem, ao menos, tão somente,
Uma frase pra você.
O TEMPO
Não há tempo,
Tenho pressa.
Bateu vento,
Vamos nessa.
Deu a hora,
Vamos indo,
A aurora
Já vem vindo.
É o mundo,
Minha gente,
Lá no fundo,
Que é corrente.
Correnteza
Sem igual
Da destreza
Temporal.
Só lamento,
Ao correr,
O momento
Não viver.
E o palhaço
Não chegou.
Já o maço,
Se acabou.
A avenida
Está parada.
Minha vida,
Acelerada.
Vida é longa
Quando surta,
Mas termina,
Por ser curta.
Tenho pressa.
Bateu vento,
Vamos nessa.
Deu a hora,
Vamos indo,
A aurora
Já vem vindo.
É o mundo,
Minha gente,
Lá no fundo,
Que é corrente.
Correnteza
Sem igual
Da destreza
Temporal.
Só lamento,
Ao correr,
O momento
Não viver.
E o palhaço
Não chegou.
Já o maço,
Se acabou.
A avenida
Está parada.
Minha vida,
Acelerada.
Vida é longa
Quando surta,
Mas termina,
Por ser curta.
A NOZ
Ilusão atroz
De quem traz a noz
Fechada de dor
Deste meu amor.
Trata-se de noz
Cuja casca dura,
De larga espessura,
Está entre nós.
Precisa de amor
De forte cutelo,
Que desmanche a casca
Sem deixar farelo.
E, deste recheio,
Deleitar-se-á
No bolo, no meio
Da torta, no chá,
No manjar mais fino,
Com um belo vinho,
Com uma cervejinha,
Sem sair da linha.
Amor bom é este
De apreciar,
Não importa como,
Quando e o lugar.
Amor bom é este
De saborear,
Mas, ai!, não tem jeito,
Tem que descascar.
De quem traz a noz
Fechada de dor
Deste meu amor.
Trata-se de noz
Cuja casca dura,
De larga espessura,
Está entre nós.
Precisa de amor
De forte cutelo,
Que desmanche a casca
Sem deixar farelo.
E, deste recheio,
Deleitar-se-á
No bolo, no meio
Da torta, no chá,
No manjar mais fino,
Com um belo vinho,
Com uma cervejinha,
Sem sair da linha.
Amor bom é este
De apreciar,
Não importa como,
Quando e o lugar.
Amor bom é este
De saborear,
Mas, ai!, não tem jeito,
Tem que descascar.
O FITILHO
O fitilho varava a estrada de terra! Com uma sacola de mercado ou sei lá pendendo no meio. De uma árvore até a mão da menina. De feições alienígenas. País de muitos mundos. Talvez a face da maturidade precoce. De quem tem que ganhar seu pão. E de seu irmão. Sentado no chão. Talvez a cara da fome. Porque fome não tem face, tem cara. Sem expressão na cara, dispara um me dá um dinheiro! Na janela do meu carro!
Bloqueio na estrada? Seqüestro? Cilada? Menina? Fitilho? Silêncio. E a cara continua. Com um se não tiver dinheiro reticente. Pausa dramática. E olha para o lado. E olha para o outro. E devo estar cercado! Tenho lá meu celular. Apartamento e olhe lá. Tenho casa em paquetá. Papai pra me sustentar. Eu não sou homem de posses! Lá vem pai, irmão, algozes. Fui roubado. Estou fodido! Também pode ser biscoito. Serão sete? Serão oito? Biscoito? Foi o que ela disse? E os oito? Não tem oito nem ninguém. Só eu e a menina. Seu irmão também. Pequenino e ramelento. Os dois ali no relento. Eu mato, eu bato ou parto? Com a dor do parto. Da pobreza que os pariu.
http://osdesmandamentos.blogspot.com/
Bloqueio na estrada? Seqüestro? Cilada? Menina? Fitilho? Silêncio. E a cara continua. Com um se não tiver dinheiro reticente. Pausa dramática. E olha para o lado. E olha para o outro. E devo estar cercado! Tenho lá meu celular. Apartamento e olhe lá. Tenho casa em paquetá. Papai pra me sustentar. Eu não sou homem de posses! Lá vem pai, irmão, algozes. Fui roubado. Estou fodido! Também pode ser biscoito. Serão sete? Serão oito? Biscoito? Foi o que ela disse? E os oito? Não tem oito nem ninguém. Só eu e a menina. Seu irmão também. Pequenino e ramelento. Os dois ali no relento. Eu mato, eu bato ou parto? Com a dor do parto. Da pobreza que os pariu.
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Convidad- Convidado
PSICOTERAPIA
Não gosto de samba! Não gosto! Mas sou um bom sujeito. Sou mesmo! Não sou doente do pé. São perfeitos! Os dois. Talvez ruim da cabeça. Um pouco! Psicoterapia. Meu médico receitou. Arritmia por causa do estresse, não sei. Depressão com um toque de TOC, talvez. Mas eu não era louco! Eu não sou louco! Eu não sou louco! Pois é o que todos dizem. É este aqui, podem levar! Mas eu não estava nesse ponto. Só preciso me tratar. Fui à consulta, estava lá. Eu não tinha nada grave. Nada para se estranhar. Olhar na rua, se virar. Era normal a olho nu. Homem destinto, elegante. Não gosto e nem vou gostar! De samba. Não gosto! Por certo não sabiam o que eu estava a fazer lá. Não gosto!
Gente, quanta gente doida! Esses dá pra enxergar. Aquele ali é bem maluco. Dá pra ver pelo olhar. O rosto olhando para o lado, os olhos mostrados pra mim. Acha que eu não percebi? Não adianta disfarçar! Eu que não vou olhar. Vai se ele me atacar! E aquela ali de touca? Essa com certeza é louca. Aquelas de se carregar! Entrou abraçada com a irmã. Acho, não sei, parecida. Ambas sexagenárias. Talvez sexogenárias! Talvez sejam até amantes. Morem juntas. Namoradas. Uma delas é guiada. Deve ser a mais lelé. A que veio consultar. Uma veio acompanhar. E o doutor, não vai chegar?
E continua a me olhar! Ainda pensa disfarçar. Assim não dá! Não vou notar. E aquele, o de chapéu. Chapéu não é mais distinto. Distinto sou eu! Não minto. Não gosto de samba mesmo! Esse esconde a enfermidade. Talvez pense ocultar. O outro pensa disfarçar. Eta povo pra pensar! Vai ver que então é isso. Pensa? Penso, louco existo. Vou parar de meditar! De ler, de conhecer, sei lá. O de chapéu tem andar torto. É derrame? Mal-estar? Acho que é xarope mesmo! E o doutor, não vai chegar?
Aids, cólera, hepatite. Tanta coisa o ser humano tem pra se degenerar. Vai pifar bem da cabeça! Onde pode ele chegar? Olha isso! Coisa feia. O homem é frágil, somos pouco. Somos isso. Só isso! Só.
E o doutor, não vai chegar? Vou até lá perguntar. Eu tenho hora! E perguntei! Não é aqui? Eu me enganei? Aqui é a ortopedia? E a psicoterapia?
Era no segundo andar.
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Gente, quanta gente doida! Esses dá pra enxergar. Aquele ali é bem maluco. Dá pra ver pelo olhar. O rosto olhando para o lado, os olhos mostrados pra mim. Acha que eu não percebi? Não adianta disfarçar! Eu que não vou olhar. Vai se ele me atacar! E aquela ali de touca? Essa com certeza é louca. Aquelas de se carregar! Entrou abraçada com a irmã. Acho, não sei, parecida. Ambas sexagenárias. Talvez sexogenárias! Talvez sejam até amantes. Morem juntas. Namoradas. Uma delas é guiada. Deve ser a mais lelé. A que veio consultar. Uma veio acompanhar. E o doutor, não vai chegar?
E continua a me olhar! Ainda pensa disfarçar. Assim não dá! Não vou notar. E aquele, o de chapéu. Chapéu não é mais distinto. Distinto sou eu! Não minto. Não gosto de samba mesmo! Esse esconde a enfermidade. Talvez pense ocultar. O outro pensa disfarçar. Eta povo pra pensar! Vai ver que então é isso. Pensa? Penso, louco existo. Vou parar de meditar! De ler, de conhecer, sei lá. O de chapéu tem andar torto. É derrame? Mal-estar? Acho que é xarope mesmo! E o doutor, não vai chegar?
Aids, cólera, hepatite. Tanta coisa o ser humano tem pra se degenerar. Vai pifar bem da cabeça! Onde pode ele chegar? Olha isso! Coisa feia. O homem é frágil, somos pouco. Somos isso. Só isso! Só.
E o doutor, não vai chegar? Vou até lá perguntar. Eu tenho hora! E perguntei! Não é aqui? Eu me enganei? Aqui é a ortopedia? E a psicoterapia?
Era no segundo andar.
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